terça-feira, 12 de julho de 2011

Conto: O céu de uma história romântica


  - Não fala nada não...ouça o coração falar - disse o garoto.

  - Meu coração está na boca, já o escutei tantas vezes - a garota falou.

   - Então, chega de palavras, chega de conversas, chega de esperar! Agora, é atitude...

   Calafrios e devaneios a atormentavam. Ela se sentiu leve, mansa e meio tonta. Estava tão solta quanto uma pena de um passarinho sem destino, apenas flutuava... voava livre sob o infinito recheado de encantos. Era uma legítima pena de um pássaro! E que pena que tudo acabou...

     Adelaide nunca tinha ficado dessa maneira. Era a primeira vez que beijava um garoto. E era o garoto que ela estava delirando de paixão, só que não sabia se ele sentia o mesmo (isto é, estamos diante de um típico amor de adolescente). E o beijo acabou muito rápido. Simplesmente ela caiu das nuvens direto ao chão. E agora estava ali, na praçinha perto do seu colégio, atrás da árvore, na frente do menino.

    - Atitude pode valer muito mais do que palavras, agora eu sei – Tudo que Adelaide queria ter naquele momento era uma cola para colar seus lábios nos lábios do menino e continuar a viver com ele aquele sonho celestial.

    - É...foi incrível mesmo.

    - O que você sentiu? – Com essa pergunta Adelaide quis ter a prova real sobre o que o beijo significou para o seu amado.

    O garoto olhou bem no fundo dos olhos arredondados de Adelaide, coçou a cabeça umas dez vezes, dando sinal que estava pensando no que falar, e não dizia nada.

    - Você não sentiu nada, né? Só foi incrível para você. – imaginou Adeilaide decepcionada. 

    - Não é isso.

    - Mas seu silêncio diz isso.

     - É que estou realmente sem palavras, mas espera, preciso ser sincero com você, preciso me expressar do jeito exato que me senti – explicou o garoto.

       A menina esperou para ver. E depois de um tempinho, o garoto se confessou:

      - Olha...quando nos beijamos, eu senti calafrios e entrei em devaneios. Meus pés estavam entre as nuvens, cheguei aos céus e flutuava, voava livre sob o infinito recheado de encantos...

      - E foi como se você fosse uma pena de um passarinho!? – interrompeu Adelaide com uma expressão de alegria.

      - Não! – negou firme o garoto.

       A garota se espantou. Tinha acabado de se sentir correspondida, por segundos degustou o sabor da verdadeira felicidade de se amar. Mas esse não veio para quebrar todo o seu entusiasmo amoroso.

      - Como não? – ela sussurrou de cabeça baixa.

      - Eu não me senti como uma pena de um passarinho, eu fui um pássaro por inteiro! - disse sorrindo o garoto.

      - Co-co-como assim? - Gaguejou Adelaide - Eu me senti como uma pena e você um pássaro? – Ficou indignada e muito mais triste.

      - Isso mesmo, mas não me compreenda mal. Tenho certeza que foi porque eu te amo demais, um amor maior do que o céu e os pássaros em que nele há. E já faz bastante tempo que eu sonhava com você, com a gente e com o céu de uma história romântica.

      Adelaide ficou sem reação e também sem palavras por um bom tempo, até que o menino começou a dizer:

      - Não fala nada não...ouça o coração falar.
 
      E Adelaide continuou...

      - Meu coração está na boca, já o escutei tantas vezes.
 
- Então, chega de palavras, chega de conversas, chega de esperar! Agora, é mais atitude...

E dessa vez, os dois se sentiram como naves espaciais a bailar pelo espaço sideral. E dessa vez, não existiu mais nenhuma pena, nem uma peninha para dizer que pena que acabou. 

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