sexta-feira, 1 de julho de 2011

Entre o direito e as letras*

     Enquanto a maioria dos alunos do curso de direito se prepara para concursos públicos, Rafael Clodomiro se inscreve em concursos bem diferentes. Em dezembro, o voltarredondense venceu o "3º Prêmio UFF (Universidade Federal Fluminense) de Literatura" e terá um poema de autoria própria na coletânea do concurso "2º Jogos Florais do Século XXI", cujo lançamento acontecerá em Montevidéu (Uruguai) entre os próximos dias 7 e 9. Cheio de planos, o jovem escritor já tem textos inscritos em outros dois concursos e finaliza agora dois livros que deverão ser lançados ainda este ano.

    Rafael ficou sabendo do concurso da UFF pela Internet e decidiu participar. Seriam premiados os melhores escritores em três categorias: poesias, contos e crônicas. O tema "Um dia... Uma noite... Paris" foi uma homenagem ao Ano da França no Brasil, comemorado em 2009. Isso exigiu do jovem escritor uma extensa pesquisa.
    - Para escrever a minha poesia, eu tive que pesquisar o tema. Foi quando tive a ideia de fazer um texto com o formato da Torre Eiffel. Acho que isso despertou o interesse dos jurados - conta Rafael, sobre "Por amor a Paris", seu poema vencedor.

    Ele lembra que, quando recebeu o convite para a cerimônia da entrega dos prêmios, em dezembro, não sabia que era o vencedor. E viajou para a cidade de Niterói, já se sentindo premiado, apenas pelo passeio. Na cerimônia, Rafael teve duas surpresas.

   - A primeira foi quando atores acadêmicos da UFF dramatizaram os textos finalistas. Foi muito legal, fizeram um teatro com nossos poemas! A outra surpresa veio ao final, quando eu descobri que era o vencedor - recorda o escritor.

   Recentemente, Rafael foi um dos 30 brasileiros selecionados para integrar o livro do "Concurso 2ºs Jogos Florais do Século XXI". A publicação é uma união de países ibero-americanos, como Argentina, Espanha, Peru, México, e terá outros 30 poemas escritos em espanhol. Agora, o escritor de Volta Redonda, será lido além das terras tupiniquins.
- Para esse concurso, fiz um soneto alexandrino, intitulado de "Sonhos". Ele é um modelo de soneto rigorosamente escrito, com 12 sílabas em cada verso - explica.
Vencer um prêmio, para Rafael, significa mais do que apenas receber um certificado. É fortalecer ainda mais a ideia de seguir na carreira literária, um sonho de muitos anos. Basta olhar para o rosto do escritor e perceber isso. Com ânimo renovado, ele pretende lançar dois livros ainda este ano.

    - Um de poesias e outro de contos, na área jurídica. É o que eu definiria como um manual prático para conhecer o direito de maneira inovadora e criativa. Agora que sei um pouco mais sobre o tema, quero unir as duas questões: direito e literatura. Posso dizer que estão em processo de edição e lançamento - adianta.

    Perguntado sobre a sensação de vencer concursos nacionais e agora de ser lido, também em outros países, o escritor ainda não sabe discernir. Ele diz que "a ficha ainda não caiu".
- É difícil definir o sentimento. Estou ansioso e um pouco nervoso, mas totalmente realizado. A satisfação e o prazer combatem qualquer nervosismo - revela Rafael, ainda sem compreender direito.

Início de tudo
     Rafael Alves Clodomiro nasceu em Volta Redonda e desde criança demonstrava sua preferência pela arte, principalmente literatura e música. Quando chegou o momento de escolher a profissão, ele se afastou um pouco da verdadeira vocação e optou pela faculdade de direito.

    - Eu escolhi uma área que me desse uma base para, futuramente, seguir com a carreira artística - conta.

     Fã de ficção - área que abrange a poesia e o conto -, Rafael tem como inspirações literárias os poemas de Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade. Da atualidade, o escritor gosta de ler os textos de Augusto Cury.

     - Ele não se define nem poeta nem contista. Mas admiro a forma como escreve, de maneira lírica e sentimental. É algo poético que tem muito a ver com o meu jeito de escrever - compara.

   Provando que arte é um termo muito abrangente, o autor conta ainda que compõe as canções de sua banda.

    - A poesia e a música estão interligadas. Estou levando o meu lado literário para a banda, que agora está ensaiando para, em breve, lançar o próprio trabalho - adianta.

     O primeiro prêmio do estudante de direito, veio em 2004. Rafael venceu um concurso de redação entre escolas municipais. Depois disso, já foi premiado, entre outros, pela Academia Panamericana de Letras e Artes, pelo Sindicato dos Escritores do Estado do Rio e, recentemente, pela Universidade Federal Fluminense, em concursos nacionais. Ele atribui o sucesso ao seu estilo diferente de escrever. Para o autor, um texto criativo deve ter um bom argumento, bom senso e bom humor.

     - Como fiz em "Por amor a Paris", que surpreendeu os leitores, gosto de ter um diferencial.  Em algumas escolas, se prezava a forma dos versos, em outras, a métrica de um poema. Eu prezo a criatividade - defende.

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